quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Lutar pela liberdade de José Dirceu e José Genoino é uma tarefa revolucionária do conjunto da esquerda marxista, ainda que tenhamos de julgá-los na história




Dou minhas mãos à palmatória diante da matéria da Liga Bolchevique Internacionalista - LBI


Com esta colocação eu deixo claro que tal quais outros militantes da esquerda, também cometi erros de avaliação no entendimento político do espectro ético e moral dos líderes do PT, ora presos a mando do todo poderoso e idolatrado Ministro do STF Joaquim “Rede Globo” Barbosa que, apesar dessa minha opinião, não os eximo de "culpa no cartório”.


Conforme algumas matérias por mim publicadas aqui neste e em outros Blogues que sou titular, eu também não deixei por menos a minha indignação com a virada de mesa mostrada pelas lideranças petistas. A bem da verdade, (popularmente falando) e apesar de tudo, como reflete a matéria mais abaixo que transcrevo do Blogue da LBI, a punição dos Jose´s do PT é mais nefasta ao conjunto dos  movimentos populares e a luta socialista do que a eles próprios.

Neste sentido fica registrada neste “post” a minha “mea culpa”.

Ora, como tenho demonstrado seguidamente em minhas matérias, as diferenças que tenho com a Teologia da Libertação é mais do que obvia e justificável, tanto do ponto de vista ideológico com na praticidade das ações por ela desenvolvida que, alicerçadas na imposição religiosa e de metas eleitorais, culmina algumas vezes em ações injustas contra militantes mais a esquerda.

No final dos anos de 1987 eu liderei uma comunidade que estava no epicentro político da luta pela posse da terra, na verdade, na luta pela moradia digna, comunidade esta que tem um histórico de resistência longo e contínuo na cidade de Florianópolis, e coube a eu reorganizar aquilo que seria uma tarefa revolucionária de então.

Passado alguns meses de minha ascensão política e o destaque que havia recebido pela mídia local, não tardou e logo apareceram os igrejeiros tentando encapar uma luta do qual (no meu entendimento e a história provou) estava bem encaminhada (sem individualismo) para aquilo que todos que ali residiam e lutavam, tinham como objetivo, ou seja, permanecer no local defendendo a posse da terra.

Ora, os ongueiros e igrejeiros não conseguiram assumir as rédeas de nossa luta porque simplesmente tinham ocultos outras estratégias de luta (eleitoral e privada que havíamos percebido) que contrariava o nosso núcleo marxista ali existente e atuante.

Como militante, eu não tinha que estar aceitando, mesmo que em nome de um suposto coletivo (da ONG) que pretendiam organizar (defendiam uma política habitacional fictícia e eleitoreira), e eles traziam no seu bojo um candidato a vereador previamente definido em suas entranhas burocráticas.

Durante uma reunião na sede do CAPROM a nossa Presidenta do Conselho Fiscal da Associação de Moradores do Bairro comentou informalmente de que eu seria candidato a Vereador e trabalhava para isto (o que não era verdadeiro, eu apenas insinuei a outro companheiro que um bom trabalho levaria essa possibilidade para qualquer pessoa, inclusive ele mesmo). Ora, aquela informação caiu como bomba nas intenções da ONG CAPROM, e gerou uma ira sem precedentes dentro do movimento.  

Por conta desta resistência natural de um marxista leninista, eu fui objeto planejado de um atentado orquestrado traiçoeiramente durante um encontro de dois dias na Escola Rural do Município de Palhoça na grande Florianópolis, que incluía, além da eliminação física (tentaram sem sucesso, na época, conforme registro em B.O no ano de 1989, tenho cópia) e também uma campanha interna (em nível de movimento) de desmistificação de minha liderança junto a minha própria comunidade e as demais, como se fossemos propriedade de padres e ongueiros carreiristas. Ora, eu vinha de uma luta contínua contra a ditadura militar desde os anos 70.

 Aquilo ali se estabeleceu como uma luta feroz de caráter nitidamente fascista para eleger um candidato petista (eu militei no MDB e estava no PCB) a qualquer custo, e isso ficou evidente... 

Bem, se eu quisesse revidar o atentado que sofri, tê-los-ia explodidos aos ares facilmente, mas como não fiquei com seqüelas e por conta do nosso objetivo final, dei por encerrado qualquer ato de vingança que eventualmente nascesse em minha cabeça.

Ademais, eu nunca soube exatamente o autor daquele atentado ocorrido num evento programado pela ONG CAPROM e o setor progressista da igreja católica comandada pelo Padre Vilson Groh, e, portanto, não estaria cometendo injustiças, mesmo tendo sido vítima de um atentado do qual sobrevivi.

Quem me conhece de muitos anos na intimidade e no próprio movimento hippie, desde o RS e SP, sabe perfeitamente que sou um velho comunista e ex-militar desertor do exército, que tentei asilo político na embaixada da França no ano de 1982 (juntamente com minha ex-companheira que ainda vive ali na comunidade de Areias do Campeche) justamente por estar sendo caçado pelo exercito, e eu sempre participei na organização das categorias e das comunidades, em apoio as greves e manifestações, desde os primórdio dos anos 70, das diretas já, das greves do ABC que se espalharam pela capital paulista, dos quebra- quebra nos anos 80 em SP, e eles apenas haviam me conhecido através de pessoas (amigos íntimos da quase freira e professora), pois eu havia chegado no bairro no inverno de 1987, mas que no ímpeto de crescimento da ONG,  e de sã consciência ninguém os referendaria justamente por serem na época oriundos do mal que mais aflige a juventude deste país, e infelizmente faziam parte da diretoria e dos quadros da ONG, além de terem um histórico de jagunçadas e despejos de moradores em imóveis que eram capatazes.

Bem, eu não precisaria estar falando, por serem águas passadas...

No decorrer da luta após eu ter retirado a comunidade do movimento até então erigido, provamos que estávamos certos desde os primórdios de nossa luta.

A área em litígio foi desapropriada para fim social (Comunidade de Areias do Campeche, no sul da Ilha), naquilo que a Teologia da Libertação, oculta na ONG CAPROM (“Centro de Apoio e Promoção do Migrante”, mas que não aceitava no seu imaginário ter de apoiar candidatos não nativos da ilha se eventualmente surgissem) sempre diziam e aconselhavam “Vocês tem de negociarem com o Esperidião Amim ARENA_PDS_PP” e, ele nunca vai deixar vocês ficarem ali nessa área porque vale muita grana, ali estão projetado vários condomínios fechados e a prefeitura não vai pagar e, o melhor é vocês aceitarem uma permuta e blá blá blá...

Era uma vontade gigante de apresentarem para a cidade algum resultado concreto em relação ao conflito urbano pela posse da terra, naquele lugarzinho escondido em frente ao mar que é chamado de Areias do Campeche, e que não contava com a participação de quadros do PT, formado basicamente por artesãos hippies e migrantes do interior do estado.

 Com isso, politicamente, a ONG esperava dar um PLUS na inserção junto ao próprio meio político partidário e nas comunidades afligidas.  

Na verdade a permuta em questão era retirar os moradores da área frente para o mar e realocar numa área de mangue em um bairro distante do mar (estamos numa ilha) que não tinham estrutura para novos moradores, e inclusive a comunidade local se posicionava através da mídia contra a nossa eventual transferência para o bairro deles, pasme...

E, ninguém tira da minha cabeça que o único objetivo de tentativa de encampamento da nossa comunidade foi plantar um candidato, como de fato ocorreu, ou seja, e transformaram em líder Sem-Teto, um economista (funcionário público estadual, do Tribunal de contas do Estado), na verdade, uma ação orquestrada naquilo que conhecemos nos bastidor como político profissional.  

Diante desses fatos, ainda assim predomina a estratégia e a obrigação de todo marxista em apoiar os interesses vitais dos trabalhadores, mesmo partindo da Igreja católica, a qualquer tempo, ainda que por sua participação nas lutas permanentes de viés capitalista, que chamam de “resgate da cidadania”, permitindo assim o clareamento no entendimento dos direitos a que tem os vários segmentos sociais, principalmente os marginalizados diretamente pelo estado burguês do qual a própria igreja católica (anticomunista) participa.

Enfim, é uma vertente de pensamento atuante nos movimentos sociais de massa que precisa ser acompanhada com cautela pelos marxistas-revolucionários a qualquer tempo, para não sofrer manipulação ideológica do tipo nacional-desenvolvimentismo e suas congêneres social-democratas...

Por último gostaria de dizer que apesar dessa opinião necessária e vital na luta de classes, eu sempre estarei fazendo criticas ao que considero um instrumento a serviço do capital e do imperialismo internacional, naquilo que a igreja católica e sua matiz de libertação mentirosa fazem através de suas ações nos movimentos sociais de massa que inclui camponeses, índios, sem teto e outros...

Os relatos desses episódios encontram-se ainda inacabados, mas acessíveis no Blogue:  http://tijoladasnamentira.blogspot.com/ e, estão disponíveis na internet desde junho de 2011 com mais de 16 mil visitas, e até agora, nenhum deles (já leram, obviamente) se posicionou contra...

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Prisão dos “Mensaleiros”: O dantesco circo da mídia “murdochiana” a serviço da reação burguesa


Por Liga Bolchevique Internacionalista

Pela gravidade dos acontecimentos iremos iniciar este editorial pelo o que poderia ser seu final.


Sim, são presos políticos sim! Dirceu, Genoino e Delúbio são presos políticos deste regime da democracia dos ricos, que assim como antigo regime militar é apenas a forma política que se expressa institucionalmente a ditadura do capital.


No arco da chamada “esquerda Trotsquista”, desde o “moderado” PSTU até o “radical” MNN não faltaram artigos para afirmar que os “mensaleiros” petistas mereceram a prisão decretada pelo STF (órgão máximo constitucional da justiça criado para proteger a burguesia) porque se tratavam de dirigentes corruptos que fizeram aprovar a reforma neoliberal da previdência e outras iniciativas do mesmo “gênero” no governo Lula.


Teriam assim, segundo os revisionistas, passado para o outro lado abandonando o “socialismo”.


Desde a LBI afirmamos em “alto e bom som” que os antigos dirigentes do PT até 2005 (quando foram afastados em virtude do escândalo midiático do “Mensalão”) se degeneraram bem antes do início governo Lula e que de “socialistas” não tinham mais nada há mais de trinta anos.


Dirceu se integrou ao regime bastardo da democracia burguesa no Brasil (em pleno governo do general Figueiredo) quando anistiado em 79 defendeu, em conjunto com uma gama de intelectuais ex-guerrilheiros, a democracia como valor universal.


A partir daí na companhia dos sindicalistas do ABC, Dirceu fundou o PT rejeitando a tese Marxista-Leninista do socialismo científico, advogando a implantação da social democracia no país para executar as “reformas necessárias” para desenvolver um capitalismo mais dinâmico e “avançado socialmente”.


Genoino Neto rompeu com o PCdoB em 80, no qual participou da guerrilha do Araguaia, para empreender a fundação do PRC que viria a se dissolver no PT no início da década de 90 como tendência “Democracia Radical”.


O projeto programático do PRC nunca foi revolucionário, apesar da formalidade nominal, quando ganharam a prefeitura de Fortaleza em 1985 pelo PT (elegendo Maria Luiza que depois viria a romper com Genoino e ingressar no PRO) governaram para os empresários locais, reprimindo a luta dos trabalhadores do município que tiveram salários arrochados e perdas de várias conquistas adquiridas.


A capital Fortaleza passou a ser o primeiro “laboratório” do que seriam os futuros governos estaduais e nacional do PT, ou seja, gerências da crise capitalista voltadas a atender as demandas da burguesia.


Mas se Dirceu e Genoino já há muito tempo não representam os interesses sociais do proletariado, executando no governo central do PT uma plataforma neoliberal em sintonia com as oligarquias dominantes, nem por isso “merecem” ser encarcerados pelo principal foco da reação política no Brasil, a fascistizante aliança entre o PIG e os sinistros ministros do STF.


Se foram presos, e isto deve ficar absolutamente cristalino, não foi em função do crime de corrupção, no caso específico do “Mensalão” cobrança de comissões de grandes empresas prestadoras de serviços para o estado desviadas para o “caixa 2” do PT, foram submetidos a este dantesco circo midiático da reação em razão de seu passado militante (socialista ou não pouco importa à burguesia) e o mais importante para depurar o PT e ajudar a impor no partido a uma nova direção totalmente “afinada” com o governo Dilma.


Não é demais lembrar que Dirceu seria o candidato do PT à presidência da república em 2010, quando foi “abatido por fogo amigo” na crise do “mensalão”. Agora as hienas abjetas do PIG comemoram as prisões dos dirigentes do PT como um símbolo no marco histórico da “moralidade pública”, como se não fossem uma matilha de corruptos e sonegadores associados aos piores traficantes e bandidos capitalistas deste país.


Em completa harmonia com o espetáculo ilusionista do PIG a “oposição de esquerda” (PSOL e PSTU) exige a “faxina completa” pelo STF apontando que a vez agora é do “Mensalão mineiro” e do “Propinoduto” Tucano, nunca assistimos tanto entusiasmo e confiança na “suprema” justiça patronal como esta demonstrada pelos canalhas do PSTU.


Como Marxistas Revolucionários jamais defenderíamos que os degradados reformistas do PT (que se privilegiaram materialmente sob o governo da frente popular) fossem entregues aos “modernos” cárceres do fascismo, para quem sabe tirar algum dividendo eleitoral.


Como Lenin nos ensinou, somente os organismos independentes do proletariado (Tribunais Populares) devem julgar e condenar a conduta de “companheiros que em algum momento cruzaram nossa rota”, sejam estes “anarquistas, sociais-democratas ou populistas de esquerda”.


Supostamente enojado com a “traição” cometida por Dirceu e Genoino, que no governo Lula comandaram as alianças com as principais frações políticas da burguesia brasileira,o PSTU escreveu sobre: “As duas prisões de José Dirceu” (ver sítio do PSTU), a primeira em 1968 no congresso da UNE em Ibiúna seria uma clara prisão política, já agora a segunda não passaria da prisão de um “corrupto” que “caiu” porque se misturou aos porcos capitalistas.


Segundo os Morenistas prisões autenticamente políticas na atualidade seriam somente a das dezenas de manifestantes que são criminalizados pela mídia “murdochiana” como “vândalos”. Como o governo Dilma apoia as prisões dos ativistas de “Junho” (embora por ironia o próprio PSTU também justifique as detenções dos Black Blocs) Dirceu e Genoino seriam representantes do estado repressor não cabendo nenhuma defesa destes pela “esquerda socialista”.

Mais além da lógica moralista burguesa do PSTU, tomemos alguns exemplos históricos para aclarar a posição correta dos Leninistas diante de uma situação similar.


 No golpe de 64 o governador Miguel Arraes, dirigente do antigo PSD que integrava o governo Jango, foi preso pelos militares no próprio Palácio das Princesas, sede do governo que foi cercado por mais de 24 horas. A esquerda comunista saiu às ruas do Recife corajosamente em sua defesa, exigindo sua liberdade imediata, seria então o velho Arraes um representante dos trabalhadores? Lógico que não, Arraes era um político burguês, que no governo de Pernambuco reprimiu com violência as Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião.


Seria o caso de questionar se a defesa de massas feita pela liberdade de Arraes (que acabou sendo expulso do país pelos militares) foi correta ou não.


 Mas foi o próprio dirigente camponês Julião (posteriormente organizou a guerrilha rural no Nordeste) que respondeu corretamente esta questão: “Lutamos intransigentemente pela liberdade do governador para que depois os próprios camponeses possam julgá-lo” (Crônicas da luta Armada).


Na Argentina pouco antes do golpe militar de 76, em pleno governo peronista de Isabelita, dirigentes do Partido Justicialista (principalmente Montoneros) foram perseguidos e mortos por membros do próprio governo integrantes do PJ.


Tratava-se de uma depuração política operada pela burguesia no interior do partido governista (criando um clima conservador e anticomunista na Argentina), em preparação ao golpe militar que ocorreria logo depois.


Perguntamos então que se diante do fascismo e da “Triple A” não defenderíamos os dirigentes perseguidos do PJ, apesar de pertencerem ao mesmo partido do “obscuro” governo de Isabelita Perón? Pela lógica do Morenismo a esquerda sequer poderia defender a liberdade dos milhares de dirigentes do Partido Socialista Chileno, encarcerados pelo golpe pinochetista em 73, por terem participado (em vários níveis) do governo burguês Social-Democrata de Salvador Allende.

Somente muito tolos ou “idiotas úteis” podem crer que o processo judicial do “Mensalão”, que agora culmina com a prisão dos dirigentes do PT, tem alguma coisa a ver com o combate a corrupção neste país.


 A começar pelo próprio STF, onde o balcão de negócios de venda de sentenças funciona à luz do dia, passando pela mafiosa Rede Globo e seus “patrocinadores” que escoam o dinheiro roubado da nação para os paraísos fiscais, até chegar à embaixada dos EUA em Brasília que comanda esta “orquestra”, o último dia 15/11 representou um marco na escalada reacionária destes setores contra o movimento de massas.


A burguesia a partir desta nova correlação de forças surgida com a hegemonia dos “justiceiros” do STF sentirá mais firmeza para desatar uma ofensiva global contra o conjunto da esquerda, tendo como referência a inação e covardia do próprio Partido dos Trabalhadores na defesa de seus dirigentes. Capítulo a parte foi a cretina postura política da presidenta Dilma e seus ministros, que pareciam até comemorar o linchamento público de seus antigos “companheiros”.

Uma ácida lição que todo militante de esquerda deve apreender dos acontecimentos em curso, e bastante enfatizada por nós da LBI desde o início do governo Lula em 2003, é que a chegada de um partido ao governo central pela via eleitoral de forma alguma representa a “tomada do poder” ou mesmo o controle total das instituições do Estado capitalista.


O poder estatal não está em jogo nas eleições burguesas, apenas a “gerência” do Estado burguês é posta em disputa a cada eleição e mesmo assim de forma muito pactuada. Isto explica o fato de que o próprio presidente do STF e atual carrasco do PT foi indicado ao cargo pelo então presidente Lula, mais do que uma questão de personalidade desequilibrada ou mera “cooptação” Tucana, Joaquim Barbosa sabe muito bem que deve servir aos interesses maiores das classes dominantes e que neste episódio exigiam em uníssono a “cabeça” dos dirigentes petistas.


 Esta mesma dinâmica se aplicaria aos outros ministros do STF, inclusive aqueles que nutrem simpatia política pelo PT.

É absolutamente verdadeiro afirmar que Dirceu e Genoino, como principais dirigentes do PT, foram artífices de uma guinada programática ainda mais direitista do partido, seja antes das eleições de 2002 ou durante o primeiro mandato de Lula.


Também é correto sustentar que os dirigentes da “Articulação”, como os burocratas sindicais da CUT, tiveram uma mudança substancial em seu nível de vida durante o governo do PT, afinal administravam negócios bilionários em nome do Estado e recebiam “ilegalmente” muito bem por isto.


O mito criado em torno da suposta “vida monástica” de Genoino é totalmente falso, se não aparenta sinais externos de riqueza é porque tem na figura do irmão, o líder do PT na Câmara José Guimarães, o seu real “caixa 2”.


Guimarães é hoje um dos nomes mais poderosos do Ceará onde controla a maioria dos cargos estatais, está associado à oligarquia dos Ferreira Gomes e possui um patrimônio pessoal milionário, sua meteórica carreira política é produto direto da influência do irmão mais velho Genoino que o trouxe para o PT.


Quanto a Dirceu nunca fez questão de esconder seu alto padrão de vida, degustando vinhos de R$ 5 mil a garrafa (Pera Manca) e pilotando motocicletas importadas. Mas seria muita ingenuidade supor que um governo burguês de Frente Popular fosse comandado por pobres “vestais”.


A corrupção estatal é parte indissolúvel do regime capitalista e só poderá ser extirpada definitivamente pela demolição violenta (revolucionária) do conjunto de suas instituições, não há reforma “ética” possível no marco do Estado burguês. “Reivindicar” que este venal STF proceda agora a “apuração da corrupção Tucana”, como fazem os revisionistas, é no mínimo uma grande “mãozinha” no sentido de ajudar a legitimar esta reacionária farsa.

É necessário desenvolver uma ampla campanha de massas, galvanizando todos os segmentos de esquerda que se colocam contra a bárbara ofensiva repressiva do capital, que nesta conjuntura se expressa tanto na prisão dos Black Blocs, dos ativistas de “Junho” e dos ex-dirigentes petistas “fichados” por esta mídia corporativa como “mensaleiros”.


Em particular convocamos a militância de base do PT, que se indignou com o silêncio de Lula, para somar forças na ação direta pela liberdade de todos os presos políticos deste autocrático regime democrático-burguês.


A classe operária mesmo não reconhecendo o PT como um partido seu, deverá saber diferenciar seus inimigos principais e seus possíveis aliados circunstanciais, que neste caso se materializa na militância de base do partido e da CUT.


Somente a mobilização permanente, com os métodos revolucionários da ação direta do proletariado, será capaz de libertar todos os presos políticos das masmorras do Estado capitalista.


Ilusões disseminadas na defesa de em um suposto “estado de direito” no quadro desta república dos novos “barões” do capital só servirá para o movimento de massas acumular mais derrotas e retrocessos como estes que estamos assistindo.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Asilo político: Um direito “sagrado” e “universal” que se sobrepõem as questões políticas ou ideológicas...


Senador Boliviano Roger Pinto 

Por Carlos Alberto

Caro leitor,

Lí e re-li várias postagens de Blogues revolucionários, de esquerda, de direita e até mesmo de fascistas e religiosos que comentaram, alguns sutilmente, o asilo político “forçado” (na verdade, autorizado pelo governo Brasileiro) do Senador Boliviano que de estrela não tem nada, neste caso, por uma razão muito simples, trata-se, ao contrário de algumas publicações, de uma “estrela nati-morta” que, incrivelmente, não representa nem a si mesmo...

Indo na questão, pra mim o asilo político é um direito universal que extrapola a milhões de anos luz a questão ideológica.

O asilo político funciona, ou melhor, serve para proteger a vida, ou ao menos adiar a morte, em alguns casos, de um perseguido político.

 Eu não quero entrar no mérito se o tal Senador (ex, no meu entendimento, afinal, abandonou a função por conta do asilo) é ou não é um das centenas de vagabundos (existem evidências de que é) criminosos e ladrões  que permeiam a politica, os governos e os parlamentos latino-americano, mas sim, que tendo pedido asilo a embaixada brasileira, encontra-se nessa situação diferenciada da liberdade...

Evo Morales - Presidente Boliviano

Evo Morales clama por sua volta, aos brados de um presidente que representa a nação andina mais pobre do continente, que segundo este, o ex Senador, não passa de um “bandido” acusado e condenado pela justiça de seu país, de ter desviado dinheiro público e de estar envolvido em outras ações criminosas.

Bem, eu não estou querendo jogar merda no ventilador da história, mas, cá entre nós, essa ação ali, mesmo não sendo mentira, dá uma abertura jurídica e política para que outros “bandidos” e, neste caso, independente de suas ideologias proclamadas, façam o mesmo aqui no Brasil...

Ora, eu faço questão de nominar suas ações sem querer comparar ou anular as suas historias de lutas, mas, simplesmente por suas ações criminosas e, na boa mesmo, quem comete crimes por dinheiro tem um nome peculiar na sua essência e origem que é chamado de “capitalista” e de ladrão...

Sendo assim, esses pseudos militantes históricos de esquerda colocaram suas histórias de lutas passadas, na vala comum dos criminosos, tudo por dinheiro, colocando em descrédito e avalizando todo o furor  existente, hoje, naqueles que viam neles um referencial de ética e moral na política e de exemplos a serem seguidos...

Como cidadão, eu não consigo diferenciar um ladrão com ideologia de direita com a de outro ladrão que se proclama histórico de esquerda, independente de sua nacionalidade, ou mesmo de partido político, com história, ou sem história dentro do campo popular democrático ou do populismo oligárquico...

José Dirceu (ex-ministro e asilado em Cuba) e José Genoíno (cagueta do Araguaia), com as mãos e os bolsos cheios de dinheiro do erário publico, poderiam fazer o mesmo em outros países e, porque não na Bolívia?

No meu entendimento, ficar passando por uma situação vexatória diante da condenação publica e jurídica comandada pela burguesia (que verdadeiramente governa este país), a saída seria a própria, através de um asilo político. Ou não seria?

O que mais deixa a militância popular injuriada, e em alguns casos, até mesmo sem rumo, foi os chamados políticos “históricos” do PT fazerem o mesmo que os Sarney, os Collor, os Maluf e os governos do PSDB em São Paulo, ou outras dezenas de "Otoridades" fizeram, ou seja, meteram a mão no dinheiro público através de negociatas, superfaturamentos, tráficos de influencia e na compra de votos, quer seja no congresso ou na criação de caixas 2 para financiamento de eleições.

Essa prática é histórica no Brasil, mas como alguns comentam, foram pegos como bodes expiatórios, que pra mim, independente desta situação “sui generis”, não lhes tira a condição de ladrões...

Assim como milhares de brasileiros, eu fui um dos que participaram das lutas contra a ditadura militar, a favor das diretas já, da abertura política, inclusive em ações populares diretas.

Mas,  assim como esse “Senador” Boliviano, e também como outras dezenas de militantes, de jovens, de artista e de cidadãos brasileiros, precisei pedir asilo político em uma embaixada. Porém, gostaria de deixar claro que não estou fazendo comparações esdrúxulas o teor desta postagem, mas sim pela origem dos atos...

No ano de 1982, após ter sido avisado em Porto Alegre/RS que ainda estava sendo procurado pelo exercito (desertei em 1974) eu entrei na embaixada da França e pedi asilo político, juntamente com minha companheira e um filho de poucos meses.

Lembro-me como se fosse hoje, quando passava em frente da embaixada do México no setor de embaixadas do Lago Sul de Brasilia, veio a minha cabeça  as lembranças da situação de penúria e das dificuldades que um outro ex-militar  estava passando para receber um salvo-conduto (do governo da ditadura militar) para poder deixar o Brasil, rumo ao México, então sua escolha, ou alternativa única de momento...

Tratava-se na verdade de um Sargento paraquedista, também desertor, que estava a uns dois meses “pelejando” esse direito universal de preservar a sua vida, mesmo que em outras terras...

Ora, o asilo político é uma convenção formal e, em alguns casos, até informal entre países, e que ocorre ou não através de embaixadas, com aval ou não de seus governos, e que serve como única via possível para  que pessoas perseguidas, expulsas ou banidas de seu território pátrio possam ter o direito de viver. 

A história política recente da humanidade, fala por si só...

Imagine se os governos de países convencionados historicamente como de asilos, o fizerem por questões ideológicas?

Como disse recentemente em matéria publicada no seu Blogue “Náufrago da Utopia” o jornalista e escritor Celso Lungaretti: Negar  asilo ao “Senador” Boliviano seria um erro, em outras palavras, isso ai poderia virar um “Bumerangue” que atingiria nossos companheiros de luta, no tempo da história... 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Quem é você?




Um cara me perguntou  através de um e-mail privado, logo após ter acessado e lido vários textos em um de meus Blogues e, prefiro manter a autoria no anonimato:

Mas afinal, quem é você mesmo?

Ora, retruquei respondendo assim que li o referido email:

Sou um dos mais de seis bilhões dos filhos de D´us que estão entre os mais de 20 bilhões de seres humanos que já passaram pelo planeta terra. 

Sou na verdade um dos filhos do nada que nasceram aqui na terra. Abandonado por pai e mãe e entregue a sorte da sobrevivência, vivi entre algumas famílias, tendo sido adotado e abandonado em internatos...

Menino de rua por um período eu considero-me vencedor, independente de fatores financeiros ou sociais. Militar aos 16 anos, eu desertei por questões políticas cerca de quatro anos após ter incorporado, ainda nos anos 70.

Marxista leninista com formação ao trotskismo ao longo de minha juventude, eu fui artesão/hippie, um seguidor ocasional de Bakunin, corretor de imóveis por impulso e necessidade, e funcionário público por acaso, além de ter sido líder comunitário e, um militante político polêmico e decidido durante muitos anos nos movimentos sociais de massa...

Sou um judeu convertido há uns seis anos, mesmo sabendo do anti-semitismo existente contra o meu povo (porque não?) pertencente ao judaísmo reformista.


Injustiçado ao longo da vida, confundido como marginal por muitas vezes, sou ficha limpa em todos os sentidos jurídicos e moral no mais amplo entendimento da palavra e, eu soube lutar como um bravo desde cedo.

Não tolero mentiras, enganações, falcatruas e promessas não cumpridas.

Conheci e acompanhei o crescimento de várias lideranças atuais da política nacional, tendo militado conjuntamente com estes, por longos períodos, desde quando não eram quase nada...

Sou um animal político combativo que ao longo das lutas percebi o quanto as massas são manipuladas pelos fatores econômicos, pelo fisiologismo barato, por interesses mesquinhos, e até religiosos de fachada, pela desesperança frente às dificuldades que passam, pela fome e misérias que vivem, pelo analfabetismo político no amplo sentido ideológico, pelas teologias mentirosas a serviço da eternização de seus dogmas perversos e criminosos, autênticos caçadores de hereges, e defensores disfarçados do capitalismo, do nacional desenvolvimentismo, que combate o internacionalismo e as etnias indígenas, ao induzirem-nas ao modo cristão da civilização branca, ao lhe roubarem o seu modo de vida primitivo, seu habitat virgem e inexplorado, ao se apropriarem das descobertas "planejadas" da biodiversidade, dos segredos da fauna e da flora, da natureza e dos rios, do sub-solo e, ao exercerem sem nenhuma contestação governamental, a monstruosa e lesa-pátria, biopirataria a serviço das potencias internacionais...

Somos presas fáceis diante dos gigantes letrados e ideologicamente formados, “representantes maiores da ideologia dominante”, que diante da formação medíocre (pela visão que nos têm), somos engolidos pelos supostos humanistas e pseudos socialistas, (na verdade, defensores ocultos da ideologia dos ricos) que, com suas bandeiras vermelhas (símbolo de sangue e luta), infiltradas nos movimentos sociais de fato, manipulam-nos ao seu bel prazer para nos conduzir aos seus banquetes eternos... 

Mas, eu cansei, e não me acovardei, estou lutando e denunciando as injustiças sofridas, incluindo aí os atentados e as manipulações que sofri, e creio, por terem subestimado minha origem, meu caráter, minha honra e minha classe social...

Por desconhecimento de causa propriamente dito, por terem feito uma incursão despreparada nos movimentos sociais, por interesses escusos previamente definidos e, assim, cometeram crimes históricos por suas origens ideológicas...


Quem sou eu? Ora, eu sou o Carlão e meu nome de origem é Carlos Alfredo, assim queriam os meus progenitores, e assim quis esta sociedade corrupta e injusta ao trocarem o meu nome com 14 anos de idade para me chamarem de Carlos Alberto...

sábado, 13 de abril de 2013

Maioridade penal aos seis. Afinal, nessa idade, eles já se vestem sozinhos


Carlos Alberto durante deslocamento para a tomada da cidade de Cacequi RS nas manobras militares de 1973 (Operação Ponche Verde - Saicã) como integrante da 2ª Companhia de Operações Especiais do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada



Sobre as análises e os comentários do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto no texto abaixo transcrito, minhas observações se refletem exatamente na questão da idade do indivíduo, ou do adolescente, como melhor convier...

Ora, eu me atenho neste ponto, por experiência própria, já que incorporei no Exercito Brasileiro aos 16 anos de idade (dezesseis), isso mesmo, aos 16 anos de idade no ano de 1971, e logo após ter me alistado aos 15 anos, ainda no ano de 1970.

Eu fui adotado durante a minha infância e a posterior abandonado em instituições públicas (internatos) por longos anos, até que me surgiu à idéia de ganhar o mundo, tendo como ponto de partida o alistamento militar voluntário, que surgiu durante meu internamento no Instituto Rural Nehyta Martins Ramos, hoje uma escola estadual de ensino médio, ainda situado no bairro de Belém Novo em Porto Alegre RS

Ao incorporar no Exercito, eu integrei o famoso PELOTAR (Pelotão Aerotransportado), hoje PELOPES (Pelotão de Operações Especiais) do 22º G.A.C. em Uruguaiana RS.  Mais a frente, em outra unidade, integrei a 2ª Cia de Operações Especiais do 18º B.I.Mtz. unidade de elite do III Exercito, durante a ditadura militar. 



Como podem ver, aos 16 e 17 anos eu já manuseava armas de guerra, entre essas as poderosíssimas Metralhadoras Browning ponto 50 e ponto 30 – As MAG 7,62, metralhadora Belga - ano de fabricação 1972 (leve e pesada), as metralhadoras Madsen 7,62 – as submetralhadoras INA 45 e as Beretta 9mm - os fuzis FAL  7,62 e  FAP 7,62 –as Pistolas Colt 45 e os revolveres calibre 44 – as várias granadas ofensivas, defensivas, fulmígenas – as minas e explosivos C3 de todos os tipos, incluindo petardos, nitro glicerina, fulminato de mercúrio etc., os morteiros 81mm e ainda outras armas mais pesadas, como praticar tiros de canhões  75mm e o uso de sabres, facas de trincheiras e outras armas brancas. Em síntese, aprendi a matar em nome da pátria.

Por outro lado, os treinamentos de guerras, de guerrilhas, anti-guerrilhas e de assalto eram o meu cotidiano, juntamente com os treinamentos de paraquedismo militar...

Enfim, tornei-me um adulto e um militar especializado em ações complexas que a minha idade de 16 anos suportou sem nenhum tipo de trauma psicológico ,ou contratempo, qualquer que seja.

Armava e construía minas e armadilhas de estacas punji, em todas as suas vertentes e estilos, com armas ou estacas e vegetação nativa (aquelas usadas pelos Vietcongues durante a guerra do Vietnã) .

Na verdade, com esta idade eu adquiri responsabilidades infindáveis que, entre essas estavam o patrulhamento da fronteira Brasil, Argentina, Uruguai, até a minha participação na segurança do Alto comando do Exercito, que incluía a ECEME (Escola de Comando e Estado Maior do Exercito) e da cúpula dirigente da ditadura militar, em vigência naquele período, durante uma grande reunião ocorrida no 22º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), que tinha no seu comando o Tenente Coronel paraquedista Dickson Melges Grael, (pai de Torben e de Lars Grael), um dos mentores do golpe militar de 1964.

Bem, eu faço questão de nominar e especificar detalhadamente esses quesitos e esta situação que vivi, para que fique bem definido que a idade de 16 anos já é um período da existência humana que requer atenção especial, já que nesta idade o indivíduo consegue desde há muito, ter discernimento claro sobre o certo e o errado, tendo inclusive compreensão da lógica, formação física e raciocínio e, isso independe da condição social, salvo outro problema qualquer de saúde e sanidade mental. 

Neste sentido, a proteção existente oferecida pelo estado ainda é insuficiente para prepara-lo para o futuro, tornando-o desta forma o fruto colhido do fracasso das políticas sociais,  defendidas pelas elites da classe política corruptas. Esta é a razão maior do aumento da criminalidade, com a participação cada vez maior de jovens, de adolescentes e pré-adolescentes em crimes bárbaros, hediondos, pasmem.

 Neste caso é preciso uma atenção especial para que o desígnio ou destino de um jovem possa ser trilhado pelo caminho da sociabilidade e da dignidade dentro de uma sociedade justa, solidária, igualitária e humana em todos os sentidos.

Eu nasci no dia 1º de novembro de 1954 e incorporei no 22º GAC em Uruguaiana no dia 15 de março de 1971, sendo que dei baixa no dia 15 de janeiro de 1972 e re-inclui ainda no mesmo ano no 18º BIMtz em Porto Alegre RS.

1971-1954= 17 - Porém, eu incorporei em 15 de março e faço aniversário em 01 de Novembro, sendo assim, estava com 16 anos, 4 meses e 15 dias de idade, ou seja, quando dei baixa da  primeira unidade no  exercito, eu ainda tinha 17 anos 2 meses e 15 dias de idade, já tendo cumprido o serviço militar antes da maioridade.

Veja no certificado de reservista abaixo:




Permaneci no Exercito até junho de 1974, ano em que desertei por questões políticas. Afinal, sou marxista-leninista desde quando ainda era "Di menor"...


Em minha opinião, é preciso ter políticas publicas específicas para essa faixa etária, e que essas incluam o envolvimento da família como um todo, em ações sociais e de educação profissional permanente, e constitucional, como forma de dar suporte as camadas sociais, tão alijadas do crescimento econômico, propagado pela mídia oficialista e pelo governo, num  Brasil socialmente irreal...

Para o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - PSDB, aumentar as amarras jurídicas é a solução e, isso inclui a redução da maioridade penal que, pasme, não irá resolver a problemática da criminalidade, e tampouco reduzi-la. 

É preciso que o estado realmente se faça presente no seio da família, como forma de amarrá-la ao crescimento social dos seus filhos, embrião futuro do país. São duas ações políticas para a obtenção de um único resultado, educação e profissionalização, o resgate social da juventude para um futuro melhor...



Por Leonardo Sakamoto - Jornalista e Cientista Político

Um dos maiores acertos de nosso sistema legal é que, pelo menos em teoria, protegemos os mais jovens – que ainda não completaram um ciclo de desenvolvimento mínimo, seja físico ou intelectual, a fim de poderem compreender as consequências de seus atos. Completar 18 anos não é uma coisa mágica, não significa que as pessoas já estão formadas e prontas para tudo ao apagarem as 18 velinhas. Mas é uma convenção baseada em alguns fundamentos biológicos e sociais. E, o importante, é que as pessoas se preparam para essa convenção e a sociedade se organiza para essa convenção.

Por necessidade individual e incapacidade coletiva de garantir que essa preparação ocorra de forma protegida, muita gente acaba empurrada para abraçar responsabilidades e emularem uma maturidade que elas não têm. Enfim, se tornam adultos sem ter base para isso.
Na prática, o Estado e a sociedade falham retumbantemente em garantir que o Estatuto da Criança e do Adolescente ou mesmo a Constituicão Federal sejam cumpridos. Entregamos muitos deles à sua própria sorte – sejam filhos de famílias pobres ou ricas. Porque encher o filho de brinquedos e fazer todas as suas vontades para compensar a ausência por conta de uma roda viva que vai nos tragando também é de uma infelicidade atroz.
O que fazer com um jovem que ceifa a vida de outro, afinal? Conheço a dor de perder alguém querido de forma estúpida pelas mãos de outro. O espírito de vingança, travestido de uma roupa bonita chamada Justiça, que foi incutido em mim pela sociedade desde pequeno, diz que essa pessoa tem que pagar. Para que aprenda e não faça novamente? Não. Para que sirva de exemplo aos demais? Não. Para retirá-lo do convívio social? Não. Para tentar diminuir a minha dor através da dor dele e da sua família? Não. Não há provas de que nada disso funcione, mas ele tem que pagar. Por que sempre foi assim, porque caso contrário o que fazer?
A Fundação Casa, do jeito que ela está, não reintegra, apenas destrói. A prisão, então, nem se fala. Também não acho que reduzir a maioridade penal para 16 anos vá resolver algo. Ele só vai aprender mais cedo a se profissionalizar no crime. E se jovens de 14 começarem a roubar e matar, podemos mudar a lei no futuro também. E daí se ousarem começar antes ainda, 12. E por que não dez, se fazem parte de quadrilhas? Aos oito já sabem empunhar uma arma. E, com seis, já se vestem sozinhos.
A resposta para isso não é fácil. Mas dói chegar à conclusão de que, se um jovem aperta um gatilho, fomos nós que levamos a arma até ele e a carregamos. Então, qual o quinhão de responsabilidade dele? E qual o nosso?
O certo é que ele irá levar isso a vida inteira – o que não é pouco – e nunca mais será o mesmo, para bem ou para mal. A sociedade está preparada para lidar com ele e outros jovens que cometem crimes, por conta própria ou influência de adultos?
Ou melhor, a sociedade quer realmente lidar com eles ou prefere jogá-los para baixo do tapete, escondendo os erros que, ao longo do tempo, ela mesma cometeu?

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Renúncia de Ratzinger: A expressão da disputa “infernal” na mafiosa e reacionária Igreja Católica





 Por Liga Bolchevique Internacionalista

Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, acaba de renunciar surpreendendo os seguidores da Igreja Católica pelo mundo. 

Esta foi a primeira vez que tal fato ocorreu nos últimos 600 anos (anteriormente somente Gregório XXII renunciara em 1415), já que o mandato papal só se encerra com a morte do Pontífice.

 A renúncia ocorre às vésperas da Jornada Mundial da Juventude, que irá ocorrer em julho no Rio de Janeiro, o que deixa claro que a decisão foi tomada de forma intempestiva, às pressas e por pressão dos acontecimentos.

 Para além da idade avançada e da alegada doença que o estava acometendo, o real motivo da renúncia do Papa é a disputa de poder institucional dentro do próprio Vaticano, uma verdadeira máfia que usa batina e crucifixo e fala em nome de um “ser divino”. 

Comenta-se nos bastidores da Igreja Católica, que a renúncia de Ratzinger foi uma “virada de mesa” para ele interferir diretamente na escolha do próximo Papa. 

É sabido que Bento XVI estava muito enfraquecido depois da prisão de seu mordomo/confidente em maio do ano passado, escândalo logo seguido pela publicação de um livro emblematicamente intitulado de “Vossa Santidade” com vários documentos secretos que o comprometiam.

 Obviamente estas informações sigilosas vieram de dentro do próprio Vaticano e não por iniciativa de seu funcionário. 

Depois do ocorrido, a alta cúpula da Igreja Católica foi obrigada a afastar seus assessores mais próximos, assim como seus comandados no Banco do Vaticano, centro de desvio de verbas milionárias, expondo a verdadeira guerra instalada entre as quadrilhas.

 A desmoralização de Ratzinger estava claramente minando a força dos setores mais conservadores da Igreja Católica, que com sua renúncia desejam entronar um Papa tão ou mais conservador que ele, porém com mais energia e capacidade de ação para impor sua cruzada nesta instituição ultrarreacionária e inimiga visceral dos povos.

Tudo leva a crer em um aprofundamento da guinada conservadora da Igreja Católica que ganhou força com João Paulo II e estava relativamente estancada com Ratzinger em função dos escândalos de corrupção que acometiam seu mandato e das denúncias de crimes de pedofilia que diariamente eram alvos padres e cardeais.

 O resultado disso foi a perda de fiéis nos últimos anos para as igrejas evangélicas que ganharam espaço entre os setores conservadores. Para reverter esta perspectiva, poderá ser escolhido o ultraconservador Cardeal Angelo Scola, arcebispo de Milão assim como o cardeal austríaco Christoph Schoenborn. Por fora, corre o africano Peter Turkson, de Gana.

 O papa será “eleito” em um conclave que começa em 1º de março com a participação de 122 cardeais de todos os continentes, onde todo o jogo de poder da Igreja Católica estará envolto na disputa por claros interesses políticos e materiais, muito longe do “reino dos céus”. 

Segundo fontes da própria Igreja Católica, o principal responsável pelas condições que geraram a renúncia de Bento XVI foi o Cardeal Tarcisio Bertone, o todo-poderoso secretário de Estado do Vaticano. Bertone demitiu ou enviou para o exílio colaboradores diretos de Ratzinger depois que vieram a público denúncias que ele estava envolvido em diversos casos de corrupção no Banco do Vaticano. 

A demissão fulminante de Ettore Gotti Tedeschi, membro da Opus Dei e presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o Banco Vaticano, é um exemplo da guerra instalada dentro desta máfia de batina.

 A verdade é que em meio a esta disputa, o Banco Vaticano está sendo submetido desde setembro passado a uma investigação judicial por lavagem de dinheiro via filial italiana do Banco Santander.

 Dizem estas mesmas fontes que até a morte de Bento XVI estava sendo tramada. Sem dúvida, esses escândalos corriqueiros na vasta “folha corrida” de serviço da Igreja Católica prestados à classe dominante serviram para que sua cúpula decidisse por trocar Ratzinger por um nome mais firme e vigoroso em sua cruzada reacionária, como ele mesmo atestou em sua carta-renúncia: “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”. 

Não que o Bento XVI fosse um “anjo”, ao contrário... Ex-militante da juventude hitlerista e o principal artífice contemporâneo da “Congregação para a Doutrina da Fé”, a Santa Inquisição, Ratzinger, foi o responsável por liquidar o “clero progressista” e a Teologia da Libertação.

A Igreja Católica e seu papado historicamente se colocaram em defesa da classe dominante contra os explorados. Desde o declínio do império romano e a transição para a Idade Média, em 313 d.C (Édito de Tolerância, de Constantino), quando o cristianismo passa a ser reconhecido como religião do império, a Igreja começa a crescer a partir das benesses do senhorio feudal (Cruzadas como acumulação de terras, corrupção eclesial etc.) e, posteriormente, no capitalismo (acumulação primitiva de capital), sob a frondosa guarita da burguesia e a exploração do proletariado.

 Assim, “as enormes riquezas acumuladas pela Igreja, sem qualquer esforço da sua parte, vêm da exploração e da pobreza do povo trabalhador. 

A riqueza dos arcebispos e bispos, dos conventos e paróquias, a riqueza dos donos das fábricas, e dos comerciantes e dos proprietários de terras, é comprada ao preço de esforços desumanos dos trabalhadores da cidade e do campo. 

Qual é a única origem das dádivas e dos legados que os ricos senhores fazem à Igreja? Obviamente que não é o trabalho das suas mãos e o suor dos seus rostos, mas a exploração dos trabalhadores que trabalham sem descanso para eles; servos ontem, assalariados hoje...” (Rosa Luxemburgo, O Socialismo e as Igrejas). 

A Igreja Católica concentra o que há de mais retrógrado e reacionário no capitalismo em sua expressão anticomunista e obscurantista. 

A perseguição a teólogos “progressistas” é apenas a ponta do iceberg. Na verdade, a mola propulsora da Igreja nos últimos 100 anos tem sido o combate implacável ao socialismo e os Estados operários surgidos após a Revolução de Outubro.

 Este último elemento é o sustentáculo desta instituição multinacional contrarrevolucionária serviçal do imperialismo.

A renúncia de Bento XVI e a escolha do “novo” Papa responde às necessidades do aprofundamento da reacionária etapa histórica por que atravessamos no planeta, onde o imperialismo ianque deseja liquidar qualquer possibilidade de resistência às novas investidas do grande capital internacional.

 Lenin já nos ensinava que a luta ideológica da classe operária para romper com o garrote da religião é parte do seu combate para libertar o proletariado da escravidão capitalista. 

Os revolucionários bolcheviques continuam essa batalha de Lenin, denunciando não só a cruzada reacionária representada pelos papados conservadores, mas delimitando-se também com o chamado “clero progressista”, que trafica, por outra via, um programa social-democrata que representa um obstáculo à libertação dos trabalhadores através da revolução proletária.